A nossa entrevista com Dra. Maria Luísa Albuquerque
Maria Luísa Albuquerque é uma psicóloga especializada na área da parapsicologia, ou seja, uma área que estuda os fenómenos paranormais.
O que é a parapsicologia?
É a ciência que tem por objecto a constatação e análise de fenómenos à primeira vista misteriosos, que apresentam porém a possibilidade de serem resultado das faculdades humanas.
Que tipo de problemas as pessoas lhe apresentam?
Aparecem pessoas que se sentiram doentes e que foram ao bruxo ou ao médico e estes não resolveram os seus problemas e também aparecem pessoas que ficaram impressionados com qualquer coisa que viram.
Tenho um exemplo de um caso bem presente de um senhor que acha que tem poderes e ficou doente.
Acredita que há pessoas com poderes paranormais?
Essa pergunta é simplista demais… O paranormal não é poder. É uma alteração da personalidade da pessoa. Há pessoas que têm manifestações paranormais, ou seja, há margem da psicologia normal e habitual, há pessoas que têm isso. Mas não é nenhum poder.
Como se manifestam esses fenómenos paranormais?
O nosso corpo tem energia, por isso é que fazemos electrocardiogramas.
Segundo dizem os físicos, a energia é só uma que se transforma segundo os efeitos que realiza. Por exemplo, energia motora quando eu ando, energia sonora quando eu falo …
Ás vezes em situações difíceis ou complicadas na vida de uma pessoa, estas apresentam fenómenos de efeito físico, daí a pessoa poder mexer pequenos objectos inconscientemente. Eu já contactei em Portugal cerca de 12 casos, alguns a que assisti directamente, outros tenho o testemunho.
Esse tipo de fenómenos nunca acontece a mais de 50 metros da pessoa que o produz. A energia emitida pela pessoa vai diminuindo ao longo do espaço, logo 50 metros é um pouco exagero, sendo mais propriamente a 5 ou 6 metros.
Quais os comportamentos dessas pessoas?
Essas pessoas apresentam uma angústia muito grande e uma vontade de perguntar: Quem me ajuda? O que é que me pode fazer?
Essas pessoas podem mexer objectos, levitar coisas…
Fale-nos de algum caso…
Lembro-me de um caso aqui em Palmeira que o senhor achava que era o Diabo que o vinha buscar. Choviam pedras á volta dele e as pedras não tocam na pessoa, as mesas de palha pegavam fogo, as espigas de milho mexiam-se na cesta e as raparigas entravam todas em pânico “ai vamos rezar o terço que o diabo anda á solta” e quanto mais rezavam mais as espigas saltavam. Ou seja, elas próprias estavam a contribuir com a sua alteração para aquela situação.
Quando me puseram a par do caso procurei logo saber quantas pessoas tinha a casa e tentei fazer uma análise das pessoas da casa. Com alguma frequência eu consigo perceber a pessoa que está a fazer o fenómeno. E por mais que lhe diga que não é nenhum espírito nem diabo, que não é nada do além e é tudo do “á quem”, as pessoas não acreditam em mim. As pedras podem ser uma maneira de chamar a atenção sobre a própria pessoa, só que a pessoa não tem a noção de que isso acontece.
Tenho outro caso em Felgueiras, numa casa de aldeia onde aconteceram pequenos incêndios, na altura haviam cerca de 32 pequenos incêndios. O dono da casa e o irmão vieram-me contar e eu ouvi o que se passava e descobri quem estava a provocar o fenómeno. O homem ficou furioso comigo porque não acreditava que era a sua filha que produzia o fenómeno. Voltou dois dias depois para me dar razão.
Qual é a sua função como parapsicóloga?
Como parapsicóloga procuro analisar as pessoas da casa e descobrir quem produz o fenómeno. Procuro ajudar a pessoa a controlar o fenómeno, porque a pessoa não sabe que é ela que o produz mas a certa altura percebe que está relacionado com ela. Resumidamente, a minha função é ajudar a pessoa na perturbação psicológica que provoca o fenómeno.
Partindo agora para a área dos bruxos, como explica que estes tenham a capacidade de adivinhar os nossos problemas e a nossa vida?
Os bruxos têm várias técnicas. Há uns anos foi descoberto um consultório aberto em que a bruxa estava feita com os motoristas de táxi que levavam os doentes e estes contavam a sua vida ao taxista, que, por sua vez contava á bruxa. Outra técnica utilizada é na sala de espera de um consultório colocar uma câmara oculta que ouve a conversa dos pacientes. É tudo uma fraude. Eles nunca dizem as coisas concretas, nunca dizem o nome dos pais, nem dos filhos, por exemplo. Eles vão dizendo coisas vagas, vão “tirando” da pessoa.
Usam frases do género: “tem alguém que lhe tem muita inveja” e a pessoa depois associa a alguém e sem querer vai dando informações úteis para os bruxos.
Sabemos que a maior parte dos jovens costuma jogar ao jogo do copo. Gostaríamos que nos falasse um pouco deste jogo e que nos explica-se como é que se consegue obter determinadas respostas.
Normalmente só se joga ao jogo do copo de madrugada quando a pessoa está cansada e cria-se o ambiente (escuro) para realizar o jogo. Depois, quando está tudo pronto fazem perguntas. Por exemplo, “será que a stora de filosofia vai dar o teste até á pagina 80 ou é mesmo ate á 120?” e o que é engraçado é que o copo se mexe. Então para provar que não é nenhum espírito que está a mexer o copo eu digo-vos para fazerem isso com uma mesa aspra, de palha ou ponham uma toalha em vez de ser uma mesa macia, para que o copo tenha dificuldade a mexer-se. Depois ponham azeite nos vossos dedos e façam tudo igualzinho. Vocês levam um susto porque o copo fica quieto e é o vosso braço que mexe. Porquê? Porque quando nós pensamos, não pensamos só com a cabeça. Nós emitimos estímulos mínimos que reflectem o nosso pensamento. Então, a stora de filosofia está farta de dizer “vocês estudem, olha que não sei se é até há 80 ou até á 120”, mas ela no fundo sabe que vai até á pagina 120. Assim, como os nossos inconscientes comunicam entre si, nós captamos a informação que ela pensa, só que nos captamos mas não interpretamos. E nesse estado, criando todo aquele ambiente de que falamos, o vosso braço mexe o copo. Outra explicação é que poderá existir alguém que seja manipulador e que basta dar um toquezinho no copo para ele se mexer.
Este jogo é muito perigoso porque nos fomos feitos para funcionar conscientemente e não inconscientemente. No estado actual da ciência, nós não sabemos como controlar o inconsciente, por isso é extremamente perigoso utilizar processos inconscientes. Outro perigo do jogo do copo é a perca da auto-determinação, porque passamos a ter muita confiança no jogo do copo ou até no horóscopo, na bruxa, etc…
Há pessoas que pensam que estão amaldiçoadas. O que as leva a pensar isso constantemente?
Nós procedemos segundo a nossa maneira de pensar. Nós devemos formular os nossos desejos pela positiva.
Então se a pessoa acha que está amaldiçoada, mesmo que não seja consciente, ela vai proceder para que tudo de errado. Todos nós já tivemos fases na vida, ou uma situação que correu mal e se eu começo a pensar que aquilo não deu certo, nada da certo comigo daqui para a frente, e nada dará certo.
No seu blogue dizia que os cientistas eram os culpados de haver tanta superstição. Porque afirma isso?
Porque negam aquilo que a pessoa está a sentir ou a perceber. Na medida em que as pessoas negam de imediato aquilo que não sabem, então o paciente ou a pessoa q tem o problema vai procurar outra explicação, vai a bruxa e esta aceita tudo o que ele diz.